[#02 - Resenha] Contos do Edgar Allan Poe





Olá queridos leitores! Como vocês estão?! Esse é o segundo dia do nosso projeto, e vamos falar sobre duas obras do mestre, lidos e resenhados!!

Se vocês tem alguma sugestão de outros contos para resenhas, comenta com a gente! Podemos incluí-la em nossa lista aqui no blog em breve. Espero que gostem das resenhas, e do nosso projeto!



Título original: The Murders in the Rue Morgue

Publicado pela primeira vez em Abril de 1841, na Graham's Magazine. Neste conto somos apresentados à Dupin, considerado precursor de Sherlock Holmes. Apesar de ter inspirado um dos maiores detetives da literatura,  o personagem Dupin ou o conto não são considerados "historia de detetive".

A edição que li foi a da Editora Abril de 1978, nela o titulo do conto esta como "Os Crimes da Rua Morgue", porem em edições futuras, principalmente aqui no Brasil o titulo foi alterado para "Assassinatos da Rua Morgue".

"As condições mentais consideradas como analíticas são, em si, pouco suscetíveis de analise. Apreciamo-las somente em seus efeitos. Delas, sabemos que são sempre, entre outras coisas, para os que as possuem em alto grau, uma fonte dos mais vivos prazeres."


É assim que somos introduzidos neste conto, com este ensaio sobre as condições analíticas de um ser humano, isso claro para chegarmos ao nosso "detetive" Dupin, que não é detetive de profissão mas de alma.

O conto basicamente é a historia de dois assassinatos que aconteceram em um casarão na Rua Morgue, as vitimas, Madame L'Espanaye e sua filha Camille encontradas brutalmente mortas em um dos quartos pelos próprios vizinhos que escutaram gritos. Nada mais estranho como a forma que a cena e as mortes ocorreram, sem testemunhas, sem indícios de arrombamento e sem pistas que levem ao culpado.

No decorrer das paginas somos apresentados á inúmeras declarações de personagens que estiveram no local do crime logo apos arrombarem a casa, todos concordam em uma coisa: duas vozes foram ouvidas dentro do aposento segundos antes de entrarem.

Até aqui Dupin esta inteirado no caso apenas pelas declarações superficiais no jornal mas se mostra interessado neste mistério aparentemente insolúvel, tanto que consegue uma permissão para adentrar no local do crime. No local, Dupin começa a tirar suas próprias conclusões e analisar pontos que a policia não levou em consideração criando hipóteses e caminhando para a resolução do mistério.

Aí esta o defeito de se ser demasiado profundo. A verdade nem sempre se encontra no fundo de um poço."


Dupin realmente lembra muito Sherlock Holmes, principalmente na habilidade de resolver o mistério, tornando tudo tão simples que te faz se sentir culpado por não ter pensado nisso antes haha. O narrador que foi introduzido como personagem amigo de Dupin também lembra muito Watson, principalmente na relação que ambos os personagens tem. Com certeza lerei os demais contos com este personagem. A forma como ele caminha por uma linha de raciocínio te faz compreender e sacar detalhes no texto que em uma leitura superficial você não percebe.

Este foi meu primeiro contato com a escrita do Edgar Allan Poe, e confesso que no começo achei um pouco maçante pela forma como o texto corre lentamente para um determinado objetivo. Na introdução mesmo se tem um exemplo do qual lento foi para apresentar Dupin e entrar de fato na narrativa do caso. Na resolução deste caso você pode achar exagerado mas partindo de todas os fatos apresentados faz muito sentido.

Apesar disso, para um conto com 38 paginas Edgar nos traz uma rica e inteligente narrativa, a linguagem rebuscada apenas te envolve no cenário e época formando uma historia que te faz querer chegar ao fim de tão empolgante que é. 

Eu recomendo este conto, principalmente para quem tem interesse em historias policias, apesar de não ter lido outro trabalho do autor, acredito que a escrita de Edgar não vá decepcionar.



Título Original - The Raven

Publicado pela primeira vez em 19 de janeiro de 1845, no New York Evening Mirror, esse poema é provavelmente uma das, senão a obra mais famosa do autor.

A Edição que eu peguei é a da Darkside, que foi lançada no começo desse ano, e além de vir com o poema original, ainda conta com duas traduções, uma feita por Machado de Assis, e uma por Fernando Pessoa.

Introdução

Porém, antes do poema em si, existe uma introdução, do próprio Poe, onde na verdade ele diz que criar essas obras literárias, que sejam boas, conexas e com impacto, não acontece de repente. Quer dizer, você não dorme e no dia seguinte acorda já sabendo o que escrever, e tudo se encaixa.

Ele diz que tudo requer um plano, um pensamento meticuloso e dedicado sobre o que e como escrever, e pegando o poema "The Raven" como exemplo, ele explica de forma detalhada como foi para ele pensar em todos os aspectos, desde a forma e tamanho (um poema de 108 linhas), passando pela temática, protagonistas e como iria se desenrolar tudo.

"Parece-me bem claro que qualquer enredo digno de nota deva ser elaborado com seu desdobramento em mente antes mesmo de ser escrito. Somente não descuidando do desenrolar da trama que podemos conferir ao enredo um indispensável ar de consequência, de relação casual, fazendo com que os incidentes - sobretudo, o tom geral da obra - contemplem o desenvolvimento de uma idéia." - Edgar Allan Poe, pág 341 - 342

Confesso que esperava ler o poema e tirar de lá minhas próprias conclusões, mas experiências anteriores me ensinaram que essas introduções são muito boas, e faz com que você veja a obra com um novo olhar, agora prestando atenção não só ao conteúdo em si, mas também em todos os detalhes que vão ressoar em sua mente conforme você vai lendo.

De verdade, eu não imaginava que tinha toda essa elaboração e cuidado, e apesar dos termos técnicos, eu pessoalmente gosto muito de ver as opiniões dos autores em ensaios  ou análises como essa.


Poema

O poema em si, fala basicamente de um jovem estudante, desolado com a perda de sua amada, Lenore. Ele está sonolento, e escuta batidas leves e pensa ser alguém a porta. Quando abre a porta e não vê ninguém, depois percebe que o barulho vem da janela e, ao abri-la um corvo entra, fugindo da tempestade lá de fora. Ele começa a então conversar com o corvo, que lhe responde uma única palavra: "nunca mais".

"[...]Doubting, dreaming dream no mortals ever dared to dream before;" - Edgar Allan Poe, pag 355

É um poema melancólico, sombrio onde o jovem, primeiro se assombra à aparição do corvo em seu quarto, e depois, mesmo percebendo que o corvo responderia apenas "nunca mais", faz ressoar em seu coração flagelado, e ao fim, suas perguntar o fazem entrar em desespero.


Lendo a introdução antes, eu pude ver durante o poema exatamente o que ele pensou ao escrever, o que, em um primeiro momento, eu não teria concluído. Por exemplo, o fato do rapaz saber que o corvo lhe responderia apenas "nunca mais", e mesmo assim lhe dizer perguntas, que com aquela respostas lhe tirariam toda a esperança, um auto-flagelo. Mas proferidos pela voz de uma ave agourenta.

"'Prophet!' said I, 'thing of evil! - prophet still, if bird or devil!" - Edgar Allan Poe, pag 357

Esse foi o primeiro contato que tive com o autor, e foi uma experiência muito intrigante. Eu confesso que essa leitura, diferente do usual por ser antiga, as vezes me faz perder a concentração, especialmente porque eu tenho problemas enormes de me focar, as vezes hahaha. Mas apesar disso, o poema foi incrível, ambientado, repleto de emoções - mesmo que sejam tristeza, medo e desespero - e preciso dizer que ele sabe usar as palavras. Vocês com certeza, me verão aqui no blog falando novamente de Poe e seus contos!!

" And his eyes have all seeming of a demon's that is dreaming" - Edgar Allan Poe, pag 357


E vocês, já leram algo do Poe? Que conto vocês recomendam que a gente leia?!?! Fala aqui com a gente!!

Até a próxima, e tenham ótimas leituras! <3

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