[#08 Resenha] 1922 - Escuridão Total sem Estrelas



Olááá queridos!! O que estão achando das postagens desse mês? Estão gostando??
Hoje eu vim falar sobre o conto 1922, o primeiro de quatro contos do livro "Escuridão Total sem Estrelas" ("Full dark, no stars" no original) do Stephen King. Eu estava muuito querendo ler esse livro, e aproveitei o projeto desse mês para tomar vergonha na cara e comprar hahaha

Infelizmente não tive tempo para ler ele completo, mas como são contos, não tem problema. Vou falar apenas sobre o primeiro conto, 1922.

Ele inclusive já esta com uma adaptação  do netflix!! Fiquei muito surpresa quando entrei lá e vi que estava lendo o mesmo conto que eles acabaram de lançar hahaha. Pelo trailer parece ser bom também


1922

"Meu nome é Wilfred Leland James e esta é minha confissão. Em junho de 1922 eu matei minha esposa, Arlette ChristinaWinters James, e escondi o corpo em um velho poço." Pág 12

E é assim que a história começa. Nua e crua, bem na sua cara. Wilfred, ou Wilf, como era chamado pelos conhecidos, nos conta que matou sua esposa. Que seu filho, Henry Freeman James foi seu cúmplice. E que o motivo disso foi a discussão entre os dois sobre 100 acres de terra que foi herdado pela mulher, que queria vender e sair do campo para morar na cidade. Coisa que Wilf não queria de jeito nenhum. Primeiro porque ele ama o campo, e não quer sair de lá. E depois, porque os interessados no terreno era uma companhia que usaria o lugar como abate de porcos.

A partir daí, ele começa a encontrar um outro "ele", aquele que de vez em quando sussurra no seu ouvido, uma nova e perturbadora personalidade. E esse novo "ele" (O Homem Conivente, como ele chama), começou a trazer o pensamento de se livrar da esposa para a realidade, e montar planos. Ele aos poucos convenceu o próprio filho de que aquela era a única forma de continuarem a ter a vida que tinham, e que a mãe iria fazer a vida dele se tornar um inferno. Passou-se algum tempo, e embora tenha demorado, eles acabaram por fim executando seu plano. 

"Eu me lembro de ter pensado: Esta noite nunca vai acabar. E estava certo. De todas as maneiras que importam, ela nunca terminou." - Pág 32

Nada saiu como planejado. E logo após esse episódio que mudaria drasticamente a vida dos dois, ele começa a narrar a sequência de fatos que se desenrolaram, as mentiras que contou, e como sua mente aos poucos se tornou insana, temendo a cada instante o fantasma de sua esposa, que o assombrava. Como pai e filho iam sobrevivendo dia após dia, e ficou nítido que por mais que não quisessem de toda sua alma ter cometido assassinato, a questão é que haviam feito. Não tinha como apagar isso. E a culpa, o medo, a agonia e o desespero foram corroendo os dois, pouco a pouco. Mais uma vez eu me surpreendo como King consegue fazer você ficar preso ali no livro, esquecendo de tudo, sentindo a tensão subir, e um arrepio subir na espinha a cada página. 

Nesse conto, ele parece ter algo sobrenatural, mas eu fiquei pensando se realmente era, após ter visto o final do livro. Será que era realmente o fantasma da falecida.... ou era apenas a sua mente distorcendo a verdade, fazendo-o ver coisas? Qualquer uma das opções parece terrível.

"-Espero que não exista. É um pensamento solitário, mas espero que não exista. Acho que todos os assassinos desejam isso. Porque se não houver céu, então também não existe inferno."

Esse foi um conto que me fez mais do que ter medo, pensar. Pensar em como as pessoas conseguem chegar a conclusões que são abomináveis na sociedade. Elas se sentem tão sem saída, que um crime parece plausível, devido às circunstâncias. E em como algumas decisões pesam na vida, decisões que não podem ser jamais desfeitas, e vão assombrá-lo até o fim de seus dias. Mesmo que não tenha monstros, assombrações e outras coisas sobrenaturais, para mim o ser humano já é assustador o suficiente. 

A narrativa de King é ótima, corrida e dinâmica. É realmente ler Wilfred falando para quem quisesse ouvir, sua confissão, com seus pensamentos, idéias, suposições e emoções. A descrição as vezes é agonizante, de tão detalhista. E assim como Wilfred, você fica com aquela memória na cabeça por um tempo. Esse conto foi simplesmente fantástico.

Eu recomendo muito para fãs do Stephen King, para aqueles que gostam de um bom terror, de uma história bem contada e surpreendente. Para aqueles que querem saber mais sobre a mente humana, e como as vezes, ela não parece ter barreiras entre o certo e o errado, o real e o imaginário. Mas eu os aviso que vá por sua própria conta e risco, pois ela é mais distorcida do que realmente parece.

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